Tratamento para desintoxicação estimula autocuidado entre pacientes

5 de fevereiro de 2020 - 18:46

“Minha experiência com drogas começou aos doze anos de idade, quando passei a consumir bebida alcoólica. Fui aumentando a dose com o passar dos anos. Aos 15, já estava usando maconha. Aos 17, cocaína. Mais tarde, entrei no crack, o que me levou ao caos. Me separei da primeira companheira, perdi emprego e o amor próprio”, declara o eletricista T.L.M, 34. Ele está em tratamento na Unidade de Desintoxicação do Hospital de Saúde Mental Professor Frota Pinto (HSM), do Governo do Ceará.

Internado há apenas uma semana, o paciente já diz sentir diferenças no corpo e na mente. “Cheguei aqui muito magro, não conseguia me alimentar, dormir direito, ouvia vozes e tinha alucinações. Agora, oito dias depois, me sinto melhor, tenho apetite e estou dormindo melhor. Tenho muita esperança de vencer as drogas para dar o exemplo ao meu filho de dois anos. A tentativa de mudar é por amor a ele.”, revela.

Tratamento

A Unidade de Desintoxicação atende pessoas que desejam, de forma voluntária, tratar-se da dependência de álcool e de outras drogas. Ao dar entrada no hospital, o paciente é acolhido pela equipe de enfermagem e recebe a orientação de não fumar e conviver pacificamente, como explica o gestor do setor, Marcos Saraiva. “Incentivamos o paciente a passar pelo processo de desintoxicação. Caso aceite, ele é internado por um período de 15 dias. Durante este tempo, é acompanhado por especialistas como psiquiatras, psicólogos, enfermeiros, nutricionistas, terapeutas ocupacionais e assistentes sociais. O tratamento inclui uso de medicamentos e psicoterapia. Os pacientes também participam de rodas de conversa, leituras, reflexões, terapias em grupo e individual”, afirma.

Cuidado compartilhado

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O autoconhecimento e o autocuidado têm um papel decisivo no tratamento. “O desafio é fazer com que o dependente químico transforme seu hábito de vida. É preciso reeducá-lo, mostrando que novas estratégias e metas precisam ser traçadas. Estimulamos a continuidade do tratamento e ajudamos também na melhoria da aparência, da higiene pessoal. Além disso, incentivamos a leitura, o estudo, a reinserção ao mercado de trabalho e as relações pessoais”, ressalta a terapeuta ocupacional Caroline Brandão.

A alimentação é outro fator importante para a recuperação. A nutricionista Meire Mendonça avalia o paciente e prepara a dieta de acordo com as suas necessidades. “Geralmente, eles chegam muito magros, fracos e com deficiência nutricional. Mas em poucos dias, com a alimentação adequada, com refeições diárias equilibradas e valor nutricional, eles começam a ganhar peso e se sentem mais dispostos”, comemora.

Atendimento na Unidade de Desintoxicação

O tempo máximo de permanência na Unidade de Desintoxicação é de 15 dias. Ao todo, são disponibilizados vinte leitos para pacientes do sexo masculino com idade entre 18 e 60 anos. Em 2019, 616 pessoas foram atendidas no local.

 

 

 

Assessoria de Comunicação do HSM
Repórter: Milena Fernandes

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